Segundo esporte mais praticado no mundo, atrás somente do futebol, o xadrez tem transformado a vida de cerca de 90 crianças do município de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Por meio do Projeto Xadrez Para Vencer, desenvolvido pela Base Comunitária de Segurança (BCS) do bairro de Itinga, alunos de três escolas públicas, com idade entre 9 e 17 anos, superam diariamente as limitações.
Aos 12 anos, o estudante Gabriel Pereira venceu o primeiro torneio da modalidade, algo que nem ele mesmo achava que seria possível. Agora, ele tem consciência de que pode ir ainda mais longe. “Não tinha ideia de que poderia vencer, mas consegui. Hoje, sei que posso conquistar tudo que quiser na vida. O que preciso é de dedicação para chegar lá”, afirmou Gabriel.
O talento no xadrez, somado ao suporte dado pelos policiais militares, lhe permitiu um crescimento pessoal. Sua mãe, Givaneide Pereira, já identificou evolução no comportamento do filho. “Ele sempre foi muito quieto. Depois do xadrez, passou a se comunicar melhor com os colegas, começou a ser mais participativo nas atividades. Em relação às notas, nunca me deu trabalho, mas o rendimento ainda assim está aumentando”.
Prevenção
O trabalho realizado pela Polícia Militar, em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), tem o objetivo de prevenir e minimizar o uso de drogas no espaço escolar. O xadrez tem atraído a atenção dos jovens para o caminho do bem e também sido uma ferramenta para que as crianças superem os medos.
“Sempre ouvia dizer que a polícia matava e isso me fazia ter até medo de meu pai, policial militar. Só depois que alguns colegas me convenceram a participar do Xadrez Para Vencer que pude perceber que o policial está sempre pronto para ajudar. Hoje, tenho total confiança na polícia. Tiro dúvidas e peço ajuda quando necessário”, confessou o estudante Adaílton Batista, 12 anos.
Porta para o futuro
A postura de respeito e atenção adotada pelo soldado João Felipe Machado, coordenador do projeto, despertou a admiração de diversas crianças, dentre elas o estudante Eduardo Silva, de 12 anos, que tem o sonho de ser policial militar para reproduzir o que vem aprendendo com o instrutor. “Acho bonito ver o respeito que ele tem com as pessoas e que as estas têm com ele. Vejo vídeos na internet dos militares marchando e acho muito bacana. Vou fazer de tudo para seguir carreira”, enfatizou.
“De iniciativas como esta podem surgir médicos, advogados e até escritores. A porta para o futuro está sempre aberta. É pelo universo do xadrez, um jogo que estimula o raciocínio, que os jovens vêem a representação dos desafios da vida”, afirmou o soldado João Felipe Machado. No seu entendimento, muitas lições que precisam utilizar no cotidiano aprendem com o xadrez. “Se têm algum problema, eles param, pensam e raciocinam como devem agir para resolver, sem prejudicar ninguém. O xadrez estimula o autoconhecimento, o raciocínio lógico e a concentração. E nós precisamos de tudo isso para conviver bem”, ressaltou.
Judô Vida
Outro projeto que objetiva garantir oportunidade a crianças é desenvolvido na Base Comunitária de Segurança do Calabar, em Salvador. O Judô Vida beneficia 85 jovens com idade a partir de cinco anos. Vinte e nove judocas da BSC participaram recentemente da 4ª Copa Pombalense de Judô, em Ribeira do Pombal, e todos conquistaram medalhas.
Na competição, colocaram em prática tudo o que foi aprendido durante os treinos, realizados sempre às terças e quintas-feiras. “Foi um momento muito importante. Tive que me superar para ganhar. Dei tudo de mim e mostrei o potencial. Através do judô, tenho me desenvolvido e espero continuar crescendo”, enfatizou Michele Morais, uma das vencedoras.
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