sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Moema e a nova missão a frente da Prefeitura de Lauro de Freitas




No 'saco de gatos' que é o quadro partidário de Lauro de Freitas, um dos mais móveis do Estado (mais do que as nuvens do litoral), Moema Gramacho (PT) foi eleita prefeita com 53.39% dos votos (43.951) contra Mateus Reis (PSDB), o qual obteve 40.65% dos votos (34.101) e em terceiro Chico Franco (DEM), 6.96% dos votos (5.839). Foi uma outra eleição no Estado em que a candidata preferencial (Moema) saiu na frente desde o início da campanha propriamente dita e venceu com facilidade.

O que aconteceu com Moema foi o inverso do que se deu com Luiz Caetano, em Camaçari. Em 2012, Moema era prefeita bem avaliada, mas, errou ao lançar como (seu) candidato a prefeito João Oliveira (ex-PSDB e depois PT) sendo derrotada por Márcio Paiva (Dr Márcio), o qual obteve 53.29% dos votos (41.875) contra 46.21% dos votos para Oliveira (36.317). Tal como em Camaçari, Caetano impôs um nome e venceu com Ademar Delgado; Moema impôs um nome e perdeu com João.

Dr. Márcio entrou como uma esperança e era a volta do PP de João Leão ao poder em Lauro. Mas, o tempo foi passando, a administração de Dr Márcio não tinha pé nem cabeça, desde os primórdios, a equipe era mambembe, o gabinete ambulante, e ao longo dos anos se revelou um fiasco. Leão quando viu o desastre afastou-se. O PCdoB, pós João Henrique, migrou para a gestão pepista em Lauro. Quando se aproximou do ano eleitoral (2016) as pesquisas apontavam a gestão Márcio na banda regular/péssima. Não havia um grande projeto da PMLF e do Estado, pior ainda.

Era tudo que Moema queria. Eleita deputada federal em 2014 com a ajuda de Jaques Wagner, a petista só precisou chegar o momento da pré-campanha e lançar-se candidata. Enquanto isso, em Camaçari, esse processo se dava ao inverso: Caetano tentava voltar mas a gestão fracassada de Ademar Delgado o impediu. Moema nadava de braçadas; e Caetano de 'cachorrinho'. 

O que Moema não poderia fazer era errar de novo. E não errou. Trouxe para a chapa a suplente de deputada Mirela Macedo (PSD), 37.000 para estadual em 2014, representante máxima da classe média alta, compôs com PSL de Marcelo Nilo, o PTB de Benito Gama, PMN, PTC, PRTB, PEN, e deslanchou de vez. As oposições a Moema batiam cabeça. Márcio Paiva (PP), isolado, abatido, avisou que não sairia candidato a reeleição. 

O PDT ensaiou emplacar Mauro Cardim, mas, não tinha densidade eleitoral. Mateus Reis (PSDB), Gustavo Ferraz (PMDB) e Chico Franco (DEM) foram a luta. Porém, não dava pra tudo mundo. Houve uma prévia entre os três últimos e Reis despontou na frente e compôs a chapa com Ferraz (PSDB/PMDB). Chico Franco não gostou e manteve a candidatura do DEM/PSC. Fizeram tudo (a cúpula do DEM) para Franco desistir. Mas, este sentiu-se desprezado pelo partido e por ACM Neto e manteve a candidatura.

Diria que Moema foi a frente da igreja de Santo Amaro de Ipitanga e soltou foguetes. Era tudo que ela queria. Leão de cara amarrada com Márcio e torcendo por ela, uma vez que é da base de Rui, seu vice-governador; Cacá Leão sumiu de cena; e a oposição estava dividida e barateada. O PCdoB foi tomar água de coco em Buraquinho, o vice de Márcio, Bebel Carvalho (PHS) mandou-a as favas e Moema estava com seu grupo unido e estruturado. 

Resultado: Moema 52.39% e Mateus 40.65%. Foi um resultado diferente das pesquisas divulgadas durante a campanha quando Mateus aparecia no máximo com 15% e Franco com 12%. Mas, o número de Moema ficou praticamente inalterado, o que revela falta de sintonia da oposição, quebra da unidade, embaralhando a cabeça do eleitor. 

O QUE VAI ACONTECER DORAVANTE


Moema não terá as mesmas facilidades dos outros dois mandatos que exerceu como prefeita (2005/2012) época em que seu governo foi irrigado por verbas federais, ela que é aliada de Lula/Dilma e o Brasil passava por um momento de bonança. Veio a crise de 2009, o PT achou que era só uma 'marolinha' e tome gastança e roubalheira. O país quebrou. Hoje, o governo tenta aprovar uma PEC 241 para conter os gastos públicos. 

Moema, portanto, assumirá o governo num país em dificuldades tentando sair da crise. Há bons sinais nessa direção para 2017/2018.

Óbvio que a prefeita terá que fazer seu dever de casa na medida em que o município de Lauro é um dos mais ricos do Estado e praticamente não tem zona rural. Vai ter que enxugar a máquina e atuar na base da austeridade. Só isso já será suficiente. Ao que dizem, Mirela, a vice, vai para assumir a Secretaria de Saúde, pasta com bastante recursos.

Moema ainda terá dois anos com Rui Costa e poderá ter mais a depender de 2018. É um bom sinal. O projeto de maior visibilidade para Lauro é o Metrô. Se chegar por lá até 2018, Moema cresce. Enfrentará ainda o velho problema da Orla Atlântica e o crescimento da pobreza na periferia e a violência.

Tem experiência e certamente saberá o que vai fazer. Há rescisões a pagar (fala-se em R$10 milhões) e a herança do que deixará Márcio. Ao que se comenta, não seria tão grave. Roque Fagundes, o qual seria secretário da Fazenda, prefere continuar vereador. 

 A Câmara deverá ser presidida por Naide Brito (PT), vereadora reeleita, e a prefeita terá maioria com Roque Fagundes, PT, Naide Brito, PT, Luciana de Portão (PCdoB), Miriam Martinez (PSD), Débora Régis (PSL), Edvaldo (PSB), e mais Walmir Sodré ( PRB), Isaac de Belchior (PTN), Cesar (PP).

Após a apuração dos votos, com exceção de Mateus Reis (PSDB); e de Mirela Macêdo (PSD), que disputaram a eleição para prefeito e vice prefeita, respectivamente, em chapas concorrentes, e Manoel Carlos (Carlucho - PSB) que optou por não concorrer, os eleitores deram um basta nos 20 anos de mandato do vereador Jorge Bahiense (PPS), o mais antigo da casa. 

Além dele, o vereador Gilmar Oliveira (PV) com 16 anos de casa legislativa, Lula Maciel (PT), com 12 anos, Alexandre Marques (PRP), com 8 anos e Aline Oliveira (PP), Edson Pereira (Júnior Neves - PEN), Paulo Aquino (PSB), Wagner Batista (Dr. Wagner - PTB), estes últimos com 04 anos de legislativo, totalizam 08 edis derrotados nas urnas. Somados aos que não disputaram, resultarão em 11 novas cadeiras a serem ocupadas em 2017.

O PP saiu chamuscado no pleito. O prefeito Márcio deve voltar a medicina e não se sabe se retornará a politica. Cacá Leão, deputado federal pelo PP, deve ser candidato à reeleição, mas, independe de Lauro. João Leão, provavelmente seguirá como candidato a vice de Rui Costa, em 2018. Roberto Muniz, hoje, senador, derrotado por Moema em 2008, deve deixar a politica.

Chico Franco seguirá, não se sabe aonde. Mateus se credenciou para ser oposição e provavelmente será candidato a deputado estadual, assim como Ferraz. Não dá para eleger os dois. O PSB de Lidice murchou. O Rede fez 1 vereador. PSOL menos. PCdoB também afinou.

Moema passa a ser uma das personalidades mais importantes do PT depois de Rui Costa e Jaques Wagner. Daí, seu terreiro, será assediado por candidatos do PT a deputados federais e estaduais.

Esse é o quadro. Sua missão agora é de governar, abandonar o discurso do 'golpe' e ajustar-se a nova realidade.




Texto do site BahiaJá

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