Segundo o relatório médico, Lara teve um quadro de insuficiência respiratória que evoluiu para parada cardiorrespiratória
A vendedora Jeane Silva Ferreira, de 27 anos, acusa um médico do Posto Médico Nelson Barros, em Lauro de Freitas, de ser o responsável pela morte de sua filha caçula, a pequena Lara Ferreira Almeida, de um ano e seis meses, na noite da quinta-feira, 24.
Segundo ela, a criança passou mal, enquanto recebia uma injeção na veia do medicamento Plasil (Cloridrato de metoclopramida mono-hidratado), prescrita pelo médico Marcos Barreto.
“Chegamos lá umas 10h30 da noite. Minha filha estava vomitando, mas chegou bem, falando e brincando. Todo mundo que estava lá viu. Quando a enfermeira estava aplicando a injeção, ela começou a roxear, ficou espumando e sangrando pela boca”, lembrou a mãe, em prantos.
Jeane, que tem outra filha de 6 anos, contou que, ao ver a menina passando mal, o médico tentou reanimá-la, em vão. “A enfermeira chamou ele, mas minha filha já estava morta. Ele [médico] chorou e tudo, disse que também tinha filho. Se não tivesse culpa, não ia chorar”, analisou a mulher. Ela afirmou que o médico desapareceu, logo após a morte de Lara.
Ainda conforme a vendedora, a assistente social da unidade de saúde, Inês Rosa, sugeriu que o corpo da menina não fosse encaminhado ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML/ NR), em Salvador, para passar por autópsia e, inclusive ofereceu os serviços da prefeitura para realizar o sepultamento.
“Eles queriam que eu tirasse a minha filha de lá, queriam se livrar do corpo da minha filha. Queriam tirar a certidão de óbito ontem [quinta-feira] e encaminhar para a prefeitura fazer o enterro. Disse que minha filha não ia ser enterrada pela prefeitura, não. Que ela não é filha de cachorro, que é gente”, desabafou Jeane, muito emocionada.
Broncoaspiração
Na tarde desta sexta-feira, 25, em conversa com a reportagem de A TARDE, a assistente social Inês Rosa negou ter sugerido que o corpo da menina não fosse levado ao IML. Ela disse ser comum os médicos da unidade expedirem certidões de óbito, em casos de mortes no local, e que apenas ofereceu os serviços da prefeitura para ajudar a família.
“Nenhum momento a unidade se furtou para levar o corpo para o IML, em nenhum momento a família disse que não queria a certidão de óbito. Não existiu isso. Pelo contrário, é um direito da família. O médico conversou com a mãe e com o esposo, explicou que a causa da morte da criança foi broncoaspiração [sufocada], o vômito foi para o pulmão”, afirmou a assistente social.
Embora a funcionária tenha afirmado que é um direito da família que o corpo passe por perícia, Jeane disse que na manhã desta sexta os portões do posto foram trancados para impedir a retirada do corpo da criança. A reportagem também tentou falar com o diretor do Nelson Barros, sem sucesso.
A Secretaria de Saúde de Lauro de Freitas emitiu uma nota esclarecendo o que aconteceu com Lara e disse que ela chegou à unidade “com quadro de diarreia e vômito diagnosticado como gastroenterite viral. Foi atendida pelo médico de plantão e encaminhada à equipe de enfermagem para administração de soro e Plasil. Antes mesmo que o medicamento fosse administrado (quando apenas o soro estava sendo aplicado) a criança vomitou e aspirou o vômito obstruindo os pulmões, gerando um quadro de insuficiência respiratória que evoluiu para parada cardiorrespiratória”, diz um trecho do documento. A secretária afirmou ainda que o relatório médico está à disposição da perícia.
Investigação
Os pais de Lara registraram ocorrência na 23ª Delegacia de Lauro de Freitas, na manhã desta sexta. O caso é investigado pelo delegado Joelson dos Santos Reis, titular da unidade policial.
“Vamos instaurar um inquérito e aguardar a conclusão do laudo para ver se a morte da criança foi provocada por alguma medicação. Ainda é precoce afirmar algo. O delegado Maurício Daltro já solicitou as imagens das câmeras de segurança do posto”, disse Reis.
SECRETARIA DE SAÚDE ESCLARECE
A respeito da ocorrência registrada na unidade Pronto Atendimento (PA) Nelson Barros – Centro, nesta sexta-feira (25), a Secretaria Municipal de Saúde (SESA) esclarece que todos os procedimentos foram adotados no atendimento à criança Lara Pereira, desde o momento em que deu entrada na unidade com quadro de diarreia e vômito diagnosticado como gastroenterite viral.
A criança foi levada ao PA pela mãe, por volta das 23h. Foi atendida pelo médico de plantão e encaminhada à equipe de enfermagem para administração de soro e Plasil. Antes mesmo que o medicamento fosse administrado (quando apenas o soro estava sendo aplicado) a criança vomitou e aspirou o vômito obstruindo os pulmões, gerando um quadro de insuficiência respiratória que evoluiu para parada cardiorrespiratória.
Médicos e enfermeiros de plantão tentaram todos os procedimentos para reanimá-la sem êxito. O relatório médico está à disposição de qualquer perícia técnica e a equipe de médicos e enfermeiros do PA Nelson Barros - que tem sido referência em Pronto Atendimento na Região Metropolitana está à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Por decisão da família, o corpo da pequena paciente foi encaminhado ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues para confirmação das causas do óbito. A Prefeitura acompanhou tudo, colocou a Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania à disposição da família. A Prefeita entrou em contato com os pais buscando conforta-los e se colocou à disposição para tudo o que precisarem. Buscou, ainda, junto ao Governo do Estado, agilizar a vinda do transporte do IML, apesar dos transtornos que o trânsito do país passa. E vai continuar acompanhando toda apuração da causa da morte por parte do IML, mesmo já tendo conversado com o médico que explicou com detalhes o ocorrido.
Prefeitura de Lauro de Freitas
LF 25/05/2018
Fonte: A Tarde e Ascom PMLF
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