terça-feira, 25 de abril de 2023

Estamos comendo plástico através de peixes e mariscos, diz estudo

 

     Foto: Ricardo Vieira


Entre 2% e 5% de todo o plástico produzido no mundo acaba despejado nos oceanos, em forma de resíduo. Ali, esse material vai se degradando lentamente, se deteriorando - e se transforma no chamado microplástico, pequenas partículas que podem ser microscópicas ou chegar até 5 milímetros de comprimento.

Os mares estão cheio disso, em um processo que começou nos anos 1950, quando a indústria mundial passou a produzir mais maciçamente esses materiais.
Mas esse lixo todo não para no mar. Essas pequenas partículas acabam ingeridas por animais marinhos e, assim, entrando na cadeia alimentar. No fim da linha, nós, humanos, acabamos comendo plástico.
Resíduos do material também podem acabar entrando em nosso organismo quando consumimos produtos embalados em plástico, seja um invólucro que envolve a carne processada, seja a água tomada na garrafinha.


Mas quanto de plástico realmente estamos ingerindo?

Para responder a essa pergunta, um grupo de cientistas do Departamento de Biologia da Universidade de Victoria, no Canadá, resolveu fazer um levantamento inédito. Liderados pelo pesquisador Kieran Cox, eles revisaram e compilaram 26 estudos anteriores que analisaram as quantidades de partículas de microplásticos em peixes, moluscos, algas e outras formas de vidas marinhas que são consumidos pela população humana.


Então, usando como base as Diretrizes Alimentares - guia com a recomendação do governo americano -, os cientistas avaliaram quanto desses alimentos costuma ser ingerido por homens, mulheres e crianças por ano.

O resultado foi que a ingestão de microplásticos varia de 74 mil a 121 mil partículas por ano, conforme idade e sexo.


À deriva num mar de plástico

Em artigo publicado pela revista científica Science Advances em julho de 2017, os pesquisadores Roland Geyer, Jenna R. Jambeck e Kara Lavender Law fizeram a assombrosa soma: no total, o ser humano já produziu 8,3 bilhões de toneladas do material. Em outras palavras, todos os anos a humanidade coloca em circulação mais plástico do que o peso somado de todos os seres humanos vivos juntos. 
Os cientistas concluíram que desse imenso total, 2,5 bilhões de toneladas correspondem ao plástico em uso — nunca descartados nem reciclados. Quase 5 bilhões foram descartados como lixo. E apenas 600 milhões estão num ciclo de reciclagem, ou seja, depois de inutilizados, voltam como outros produtos. 

Plástico não é uma coisa só e isto é bastante óbvio. Basta ver a diferença entre uma sacola de mercado, um cano de PVC, o botão da sua camisa e o acetato da armação dos seus óculos. 

Essa permanência no ambiente leva o plástico a ser ingerido por animais e humanos. Principal autor de um estudo recém-publicado pela revista Science, o biólogo Robson Guimarães dos Santos, professor da Universidade Federal de Alagoas, afirma que já há registros de ingestão de plásticos por mais de 1,5 mil espécies de animais, “de minhocas a elefantes, de zooplânctons a baleias”. “O plástico está contaminando diversos ramos da árvore da vida”, diz ele à CNN.

Os tempos de deterioração variam também e as estimativas mais recorrentes calculam que sejam necessários 400 anos, em média, para que o material seja completamente absorvido pela natureza.



Um comentário:

  1. Parabéns amigo!
    Este é um tema muito sério e precisa ser compreendido por toda a sociedade o problema da poluição por micro plástico que é um dos estágios da decomposição da matéria plástica que e responsável pela contaminação dos seres vivos marinhos e em geral aquáticos mas também atingindo as aves que se alimentam e com tudo seguindo a cadeia alimentar chega até nós seres humanos que nos alimentamos de toda a cadeia inferior.O problema é muito sério porque já foram feitos estudos científicos que já identificaram a ocorrência do micro plástico no no tecido muscular tanto em peixes e animais marinhos como em nós humanos.
    O que posso dizer: Penso que a longo prazo teremos novas patologias relacionadas a contaminação por micro plástico.
    Realmente colhemos o que plantamos sem falar nos quelônios que aparem mortos por toda a nossa costa todos os dias engasgados por sacolas plásticas jogadas nos oceanos aonde estes animais confundem às com aguas vivas que é o seu alimento preferido e também há a ocorrência com os mamíferos marinhos que não escapam dessa traiçoeira armadilha que nos irresponsavelmente sempre lhes oferecemos.

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