terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

BEIJO ROUBADO: Folião aprova medida que criminaliza prática: “Se é roubado tem que ser punido”


O aviso foi dado. A fiscalização está sendo feita, mas, ainda assim muitos atrevidos insistem em ser desagradáveis e tratam as mulheres de forma desrespeitosa no Carnaval. Entre beijos roubados, ataques de ‘mãos bobas’ e até atos de agressões físicas, as insatisfações e revoltas vão se somando em meio à folia.

Os números de um balanço oficial sobre estas ações agressivas ainda não foram apresentados, mas a titular da Superintendência Municipal de Políticas para as Mulheres (SPM), Monica Kalile, garante que cerca de 120 vinte observadores estão fiscalizando e autuando os autores de beijos não permitidos e de qualquer situação de violência contra a mulher nos principais circuitos da festa.

Os foliões em sua maioria são a favor de punição severa para os beijos forçados. Independente do gênero, ambos concordam que é uma agressão abominável e que deve ser rechaçada.

“Acho mais do que justo beijo roubado ser crime. Se é roubado o nome já diz é roubado. Tem que ser punido”, diz a foliã Cristiane.

A opinião é compartilhada por Michele. “Beijo não é uma coisa para ser forçada é para se sentir a vontade. Hoje a gente não sabe quem é quem para a gente se expor desse jeito”, diz.


Veja vídeo:


MACHISMO NA BARRA

No último sábado (6/2), uma ocorrência chamou a atenção de quem brincava o Carnaval na Barra. A jovem Ludmylla de Souza Valverde levou oito pontos na altura da sobrancelha, após ser agredida por um homem que não se conformou em ter o seu assédio rejeitado.

No momento da violência, Ludmylla estava na companhia de uma irmã que estava aniversariando. O seu agressor teria agido juntamente com um amigo.

“Esses monstros não admitiram receber um não. Não admitiram a gente não querer interagir com eles. Não admitiram que poderíamos estar na rua e querer brincar sozinhas sem ser assediadas violentamente por eles”, disse revoltada, a vítima.

"Acabei desmaiando", diz nutricionista agredida durante assédio no Carnaval de Salvador

A nutricionista Ludmylla Souza Valverde, 27 anos, que foi agredida após assédio durante o carnaval, na noite de sexta-feira (5), chegou a desmaiar após a agressão. A violência ocorreu no circuito Dodô (Barra-Ondina), próximo à entrada do Barra Center.

Depois da agressão, Ludmylla conseguiu chegar a um posto de saúde. "Levei oito pontos e tomei soro. Acabei desmaiando por conta da quantidade de sangue perdida", conta. Por volta das 23h de sexta (5), Ludmylla e sua irmã, a advogada Thaianna de Souza Valverde, 29, estavam na Barra aguardando a passagem do trio de Luiz caldas. Dois homens saíram do bloco Eu Vou, comandado no dia pela banda Aviões do Forró, e começaram a assediar as duas.


Foto: Arquivo Pessoal

"Eu tava passando batom. Um dos homens meteu a mão, borrou meu batom e depois ficou tentando limpar a mão em mim. Aí ele ficou me agarrando pela cintura", relatou Thaianna. Nesse momento, Ludmylla interviu, pedindo para o homem sair. "Ele veio falar que eu era ignorante e que se não sabia brincar que eu ficasse em casa", disse a nutricionista.

Na discussão, o homem empurrou Ludmylla, que caiu sobre um isopor. "Quando levantei e fui na direção dele, o amigo que estava atrás jogou um copo de acrílico no meu rosto", relatou. Ela teve um corte no supercílio esquerdo. "O olho inchado e os pontos doem muito, mas o que mais dói é sentir na pele o peso do machismo da nossa sociedade", desabafou.

Thaianna, que comemorava seu aniversário, conta que ficou desesperada com a quantidade de sangue. "Foi muito doloroso, porque o Carnaval apenas explicita questões que existem em nossa sociedade, da desigualdade de gênero e do domínio de nossos corpos. Os homens pensam que por estarmos em um local público, temos que estar submetidas a seus desejos".


Foto: Arquivo Pessoal


Investigação
No sábado (6), as irmãs foram na 14ª Delegacia (Barra) prestar queixa e realizar um exame de corpo de delito. A delegada, Carmen Dolores, informou que já solicitou as imagens das câmeras de segurança espalhadas pelo circuito, para tentar identificar os autores do crime. Caso identificados, eles serão autuados por lesão corporal e constrangimento ilegal.

A secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Mônica Kalile, disse que já acionou o Ministério Público. "Se foi uma lesão gravíssima, que ela fique impossibilitada de trabalhar por 30 dias, pode chegar à pena mínima por até três anos. Mas nós temos que localizar quem foi, porque foram dois. A primeira coisa que a gente quer é acolher ela. Depois, vamos atrás deles. Pode ser que a gente não consiga encontrá-los, mas esse fato precisa alertar mais a população".

SERVIÇO:


A Superintendência Municipal de Políticas para as Mulheres disponibilizou o número 98622-5494 no WhatsApp para que o folião registre, através de vídeos ou depoimentos, qualquer ato de agressão contra a mulher. Não é preciso se identificar.



Fonte: Aratu Notícias/Correio da Bahia

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